domingo, 25 de abril de 2010

Tanto Mar - Versão Original

Foi tão linda a festa pá ...

São 19 horas e acordei agora, cansada mas feliz. No dia 23 tivemos casa cheia até às 3 da manhã e a noitada seguiu até às 9 da manhã com a rapaziada dos 10 aos 14. Ontem trabalhamos toda a tarde, a biblioteca a fervilhar com dezenas de crianças e pais... e o Mestre ali... ao nosso lado!
Adormeci cedo ... talvez pelo cansaço...talvez porque não ouvi os foguetes, que no meu concelho, desde sempre, marcaram o dia da liberdade.
E agora acordada quero recuperar a manhã de Abril e ouvir ... Zeca ... e Zé Mario Branco , o Chico e sonhar com o país que poderíamos ser se Abril se cumprisse na integra.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

CELEBREMOS ! ...

Dia 23 de Abril comemora-se um dia importante: o dia do autor. Não só dos autores de livros, mas autores de muitas formas de expressão, música, pintura, gastronomia, do relato do quotidiano.
2 dias depois, comemora-se o 25 de Abril, não apenas da liberdade, mas também do direito, a aprender, o direito à cultura, o direito a conhecer todas as canções de revolta ou embalo. Todas as imagens . Todas as histórias do presente, do passado e do futuro.
Celebramos os autores sempre que os lemos, escutamos, sempre que respeitamos os direitos da sua criação.
Celebramos a liberdade, sempre que utilizamos as nossas Bibliotecas Públicas.
Dia 23 de Abril, faça dois em um. PROCURE A BIBLIOTECA MAIS PRÓXIMA .

Em Beja vai ser tão bom!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Já acreditei...

Já acreditei que por amar o próximo, seria amada pelo próximo.
Já acreditei que o meu trabalho honesto e empenhado, seria compensado pelos leitores e pelos poderes políticos. Não com mais salário, mas com a autonomia para criar, com recursos financeiros ajustados à importância vital do trabalho de formar leitores para LER O MUNDO.
Já acreditei que nunca teria de escrever estas coisas num blogue.

Hoje, resisto todos os dias para continuar a acreditar! Perguntarão porque? Como? Onde vai um funcionário público buscar esse alento?
Não falarei aqui de outra experiencia que não seja a minha e sei onde vou buscar o alento:
Quando vejo um pai e um filho sentados à volta de um livro.
Quando o sorriso de uma criança cigana, ao ler uma história de imagens , me alimenta a esperança de um dia, ser possivel, terminar com ciclo de exclusão que a pobreza - não a etnia - representa.
Quando um poema produzido por um menino de uma aldeia diz: "Eu não gosto quando o pai bate na mãe e ri"
Quando uma jovem estagiária me "chateia" todas as semanas para a ajudar.
Quando um docente me diz que o que lhe proponho, é simples de fazer com o seu grupo , porque eles têm uma grande autonomia leitora.
Quando um velho, de olhar húmido de saudade, responde orgulhoso ao meu pedido e me conta como foi...
É este o alento.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O País que poderiamos ser...

Os jornais e alguns especilistas falaram ontem de funcionários públicos e de lhes baixar os salários.
Isto colhe junto das pessoas:
- Não são mais que os outros! – dizem.
Imaginem que isto vai para a frente…
Eu ganho metade do que ganha, em Espanha,um técnico da minha categoria e ganho bem, se comparar o que ganham as técnicas que trabalham comigo, as funcionárias de limpeza,etc.
Eu trabalho, com a QUALIDADE, com que trabalham outros bons funcionários Públicos, na Europa.

Agora imaginemos que o poder político, uma autarquia por exemplo, tem a liberdade para não tomar esta medida e tem uma estratégia de esenvolvimento local. Que esse executivo, em vez de baixar os salários aos seus funcionários, negoceia para que estes ofereçam mais três horas de trabalho semanal a projectos de desenvolvimento comunitário do concelho, a projectos culturais, que apoiem técnicamente as empresas do concelho, ou as associações, a idosos da sua comunidade, ou...etc.

Imaginem que um excutivo, para ter a receita de que tem falta, dispensa os cartões de crédito, as despesas de representação, as novas viaturas desnecessárias. Coloca as pessoas certas, nos lugares certos, independentemente da cor política ou do grau de proximidade familiar, movido pela missão e por ser técnicamente informado: por saber que um funcionário certo no lugar certo, aumenta a produtividade e reduz a despesa.

Imaginem que um executivo municipal corta no desperdício com critério, pedindo EFECTIVAMENTE o mesmo esforço de contenção a todos.

Estuda com os técnicos a possibilidade de usar os projectos que já existem para potenciar os novos projectos:
- Beja cidade do vinho ??? Ora vamos lá ver o que existe. Vamos pôr os técnicos a encontrar soluções. Não seria possível criar uma exposição de Banda desenhada sobre o vinho? Um festival de narração sobre o vinho? Ciclos de conferências sobre o vinho e a literatura , uma abordagem antropológica do vinho, uma abordagem histórica que falasse dessa arte milenar? Oferecer campos de férias temáticos, que incluíssem o trabalho com a terra, onde famílias pudessem experimentar a prática da apanha, o tratamento da vinha. Onde se pedisse aos grupos de teatro local que em troca dos apoios, tivessem que produzir arte, a partir do trabalho de recolha de memória social com os nossos velhos das comunidades rurais? Actividades, onde subvertendo a lógica, mais ou menos moralista da prevenção ao consumo de álcool, se possibilitasse aos jovens adultos das nossas escolas, a relação com o especialista, o escanção , o químico , convidando-os a que partilhar a sua forma de ver, de trabalhar e também porque não, de provar o vinho. Onde se formassem públicos também para o vinho.

E imaginem... que havia empresas que, uma a uma ,seguiam este caminho, para todos os seus quadros, do topo à base: decidindo que os lucros das maiores empresas reverteriam para o trabalho social das igrejas, das associações, das fundações,das IPSS, dos bancos de voluntariado nacionais.

Imaginem que o governo baixava os impostos às pequenas e médias empresas que recebessem, integrassem e mantivessem a contrato durante 4 anos, uma pessoa que estivesse desempregada, ou a receber Rendimento Social de Inserção. Imaginem ... cada pessoa integrada, a ser efectiva e tecnicamente acompanhada e tivesse de aumentar a sua escolaridade, participar na vida da sua comunidade, tivesse que repensar o seu projecto de vida, condições sem as quais sofria a suspensão dos apoios do país.

Imaginem o país que poderiamos ser,se alguém ousasse!

A Planície e o Cante

O que mais me espanta neste Alentejo Estrangeiro, é a sua serena solidão e a permanente companhia da grande Senhora. O Cante será talvez a forma de expressão de quem tem de combater a solidão e a planura da planície, o recado para que nunca nos esqueçamos de que viemos à terra e a ela vamos retornar.

Eu sou devedor à terra
A terra me está devendo
A terra paga-me em vida
Eu pago à terra em morrendo.

Este ano, a grande Senhora, teve uma boa safra.
Num ano levou-me dois …
Um partiu lento, invadido pela a única besta que não conseguiu vencer – o cancro …e olhem que lutou com todas as grandes bestas da cidade onde viveu, onde deixou OBRA FEITA.

O outro partiu de sopetão, implodido por dentro, imagino que pela tristeza de se sentir tratado sem respeito, como uma máquina, ele que, como professor , iluminava a vida de quem jamais conseguirá escutar o cante, para escapar à solidão.

Tinham uma coisa em comum: ERAM FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E DEIXARAM UM LEGADO

Funcionária publica

Chamo-me Cristina Taquelim e sou FUNCIONÁRIA PÚBLICA.
Entrei na NET com uma ideia: Fazer um blogue onde se possa contar o dia a dia de uma funcionária publica. .. vejam o milagre ... o nome do blogue estava disponivel .

Porque os dias andam cinzentos e sem utopias e é preciso que cada funcionário público , sinta que é possível dizer em voz alta que é FUNCIONÁRIO PÚBLICO.

Porque tem de haver um lugar onde os não alinhados tenham voz.

Porque tem de haver um lugar, onde se possa estar, fora da sombra de partidos, de rádios locais, de grupos de amigos. Um lugar onde se possa estar à sombra das ideias.

Porque trabalho com aquilo que distingue o homem das bestas : a capacidade de CRIAR.

Porque sou funcionária publica e tenho um sentido de serviço público.

Porque sou uma PESSOA.