segunda-feira, 12 de abril de 2010

O País que poderiamos ser...

Os jornais e alguns especilistas falaram ontem de funcionários públicos e de lhes baixar os salários.
Isto colhe junto das pessoas:
- Não são mais que os outros! – dizem.
Imaginem que isto vai para a frente…
Eu ganho metade do que ganha, em Espanha,um técnico da minha categoria e ganho bem, se comparar o que ganham as técnicas que trabalham comigo, as funcionárias de limpeza,etc.
Eu trabalho, com a QUALIDADE, com que trabalham outros bons funcionários Públicos, na Europa.

Agora imaginemos que o poder político, uma autarquia por exemplo, tem a liberdade para não tomar esta medida e tem uma estratégia de esenvolvimento local. Que esse executivo, em vez de baixar os salários aos seus funcionários, negoceia para que estes ofereçam mais três horas de trabalho semanal a projectos de desenvolvimento comunitário do concelho, a projectos culturais, que apoiem técnicamente as empresas do concelho, ou as associações, a idosos da sua comunidade, ou...etc.

Imaginem que um excutivo, para ter a receita de que tem falta, dispensa os cartões de crédito, as despesas de representação, as novas viaturas desnecessárias. Coloca as pessoas certas, nos lugares certos, independentemente da cor política ou do grau de proximidade familiar, movido pela missão e por ser técnicamente informado: por saber que um funcionário certo no lugar certo, aumenta a produtividade e reduz a despesa.

Imaginem que um executivo municipal corta no desperdício com critério, pedindo EFECTIVAMENTE o mesmo esforço de contenção a todos.

Estuda com os técnicos a possibilidade de usar os projectos que já existem para potenciar os novos projectos:
- Beja cidade do vinho ??? Ora vamos lá ver o que existe. Vamos pôr os técnicos a encontrar soluções. Não seria possível criar uma exposição de Banda desenhada sobre o vinho? Um festival de narração sobre o vinho? Ciclos de conferências sobre o vinho e a literatura , uma abordagem antropológica do vinho, uma abordagem histórica que falasse dessa arte milenar? Oferecer campos de férias temáticos, que incluíssem o trabalho com a terra, onde famílias pudessem experimentar a prática da apanha, o tratamento da vinha. Onde se pedisse aos grupos de teatro local que em troca dos apoios, tivessem que produzir arte, a partir do trabalho de recolha de memória social com os nossos velhos das comunidades rurais? Actividades, onde subvertendo a lógica, mais ou menos moralista da prevenção ao consumo de álcool, se possibilitasse aos jovens adultos das nossas escolas, a relação com o especialista, o escanção , o químico , convidando-os a que partilhar a sua forma de ver, de trabalhar e também porque não, de provar o vinho. Onde se formassem públicos também para o vinho.

E imaginem... que havia empresas que, uma a uma ,seguiam este caminho, para todos os seus quadros, do topo à base: decidindo que os lucros das maiores empresas reverteriam para o trabalho social das igrejas, das associações, das fundações,das IPSS, dos bancos de voluntariado nacionais.

Imaginem que o governo baixava os impostos às pequenas e médias empresas que recebessem, integrassem e mantivessem a contrato durante 4 anos, uma pessoa que estivesse desempregada, ou a receber Rendimento Social de Inserção. Imaginem ... cada pessoa integrada, a ser efectiva e tecnicamente acompanhada e tivesse de aumentar a sua escolaridade, participar na vida da sua comunidade, tivesse que repensar o seu projecto de vida, condições sem as quais sofria a suspensão dos apoios do país.

Imaginem o país que poderiamos ser,se alguém ousasse!

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