- certas coisas não se podem guardar para depois -
Pedi emprestado a Clarice Lispector e a Afonso Romano Santana o título e subtítulo destes dois dedos de conversa em dois mil caracteres.
- Certas coisas não se podem guardar para depois!
Na minha casa sempre escutei esta frase. Sempre a escutei aplicada às pessoas que amava, aos afazeres do dia, aos privilégios e aos deveres.
Hoje, andamos todos a guardar “para depois” mesmo as coisas importantes. Como não temos tempo para fazer tudo o que queremos, viver tudo o que sonhamos, dizer tudo o que sentimos, guardamos para depois.
O furto do nosso tempo - também emocional, também afectivo, também associativo, social - é um dos grandes inventos da sociedade neoliberal .
Começa cada vez mais cedo este furto. Na parentalidade, na escola, no trabalho.
Depois de correr todo o dia atrás do tempo, comemos em frente de um televisor, acompanhados pela intoxicação informativa - onde quase sempre informação não é conhecimento - acompanhados por trabalhadores felizes e consumidores felizes, que bailam por entre quilómetros de enlatados e onde até os velhos são tratados com respeito. Todos são belos, elegantes, espertos e ricos o que, convenhamos, é uma preciosa ajuda para interiorizarmos a ideia de que somos o que temos, o que compramos, o que parecemos, o que consumimos.
Vivemos sem tempo para nos representarmos, para nos imaginarmos.
Crescer sem tempo para o jogo, para o sonho, para não fazer nada que seja imediatamente útil, tempo para o relato onde pela palavra contamos memórias e construímos as ficções que nos permitem construir a identidade e projectar um futuro, é uma realidade na vida das nossas crianças.
Viver sem tempo, desencoraja a participação social, desorganiza a vida afectiva, limita o pensamento divergente fundamental na busca das perguntas importantes. Viver sem tempo serve para quê? Serve a quem?
Poderia arriscar várias respostas, mas já não tenho caracteres.
Não tenho tempo… Fui…!
- Certas coisas não se podem guardar para depois!
Na minha casa sempre escutei esta frase. Sempre a escutei aplicada às pessoas que amava, aos afazeres do dia, aos privilégios e aos deveres.
Hoje, andamos todos a guardar “para depois” mesmo as coisas importantes. Como não temos tempo para fazer tudo o que queremos, viver tudo o que sonhamos, dizer tudo o que sentimos, guardamos para depois.
O furto do nosso tempo - também emocional, também afectivo, também associativo, social - é um dos grandes inventos da sociedade neoliberal .
Começa cada vez mais cedo este furto. Na parentalidade, na escola, no trabalho.
Depois de correr todo o dia atrás do tempo, comemos em frente de um televisor, acompanhados pela intoxicação informativa - onde quase sempre informação não é conhecimento - acompanhados por trabalhadores felizes e consumidores felizes, que bailam por entre quilómetros de enlatados e onde até os velhos são tratados com respeito. Todos são belos, elegantes, espertos e ricos o que, convenhamos, é uma preciosa ajuda para interiorizarmos a ideia de que somos o que temos, o que compramos, o que parecemos, o que consumimos.
Vivemos sem tempo para nos representarmos, para nos imaginarmos.
Crescer sem tempo para o jogo, para o sonho, para não fazer nada que seja imediatamente útil, tempo para o relato onde pela palavra contamos memórias e construímos as ficções que nos permitem construir a identidade e projectar um futuro, é uma realidade na vida das nossas crianças.
Viver sem tempo, desencoraja a participação social, desorganiza a vida afectiva, limita o pensamento divergente fundamental na busca das perguntas importantes. Viver sem tempo serve para quê? Serve a quem?
Poderia arriscar várias respostas, mas já não tenho caracteres.
Não tenho tempo… Fui…!
Pub. no Diário do Alentejo 10 022011
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