O que mais me espanta neste Alentejo Estrangeiro, é a sua serena solidão e a permanente companhia da grande Senhora. O Cante será talvez a forma de expressão de quem tem de combater a solidão e a planura da planície, o recado para que nunca nos esqueçamos de que viemos à terra e a ela vamos retornar.
Eu sou devedor à terra
A terra me está devendo
A terra paga-me em vida
Eu pago à terra em morrendo.
Este ano, a grande Senhora, teve uma boa safra.
Num ano levou-me dois …
Um partiu lento, invadido pela a única besta que não conseguiu vencer – o cancro …e olhem que lutou com todas as grandes bestas da cidade onde viveu, onde deixou OBRA FEITA.
O outro partiu de sopetão, implodido por dentro, imagino que pela tristeza de se sentir tratado sem respeito, como uma máquina, ele que, como professor , iluminava a vida de quem jamais conseguirá escutar o cante, para escapar à solidão.
Tinham uma coisa em comum: ERAM FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E DEIXARAM UM LEGADO
Sensibilizadíssima com este seu texto, de uma comovente qualidade humana e literária. Já a vi contar contos e admiro-a pelo talento, pelo empenho. Dei consigo no Facebook e segui-a até aqui. Deixo-lhe a minha palavra de gratidão e desejo-lhe coragem para continuar a sua tarefa de "manter acordado" o lugar que nos coube.
ResponderEliminarUm abraço.
Obrigada Lícinia. Um abraço
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