Vem este post a propósito do fim da comissão de serviço da Chefe de
Divisão de Bibliotecas Maria Paula Santos e da decisão legítima do novo
executivo, decisão que conheci no dia em que foi publicamente anunciada no
boletim municipal electrónico, disponível para consulta pública em :http://www.cm-beja.pt/docs/PDFs/Documentos/Boletim_electronico/05/Despacho_Chefe_DE_e_resp_DB_-_29NOV2013.pdf ) - edição nº 5/2013. Diz o despacho:
Não usarei estas linhas para fazer apreciações de carácter, sobre quem
tomou a decisão ou lançar na praça pública assuntos que antes devem ser
tratados na privacidade das organizações. Não tocarei em nomes. Tenho para cada
um dos envolvidos deveres institucionais e de lealdade pessoal. Tenho um
compromisso para com os leitores e não leitores com quem trabalho. Tenho
deveres para com a equipa que integro e que todos os dias dão seu
contributo para a criação de um HOMEM NOVO, aquele que - como dizia Bento de Jesus
Caraça - tem consciência da sua posição no cosmos e, em particular, na
sociedade a que pertence; tem consciência da sua personalidade e da dignidade
que é inerente à existência como ser humano; o que faz do aperfeiçoamento do
seu ser interior a preocupação máxima e fim último da vida.” (acho que usei
esta frase num post antigo, a propósito de uma outra comissão de serviço , num outro equipamento cultural - aqui nesta etiqueta ( entre linhas)?
Tenho também deveres de consciência e por isso não me posso demitir de expressar publicamente que, apesar de reconhecer a legitimidade de quem assim decide, apesar de reconhecer total legalidade na decisão, discordo em absoluto com a forma como todo o processo foi gerido e também com a decisão tomada. Por isso deixo público, o meu comentário de funcionária pública, sobre uma decisão que é pública. Internamente, se me for dada tal oportunidade, comentarei o processo.
Também sei que existem outros enquadramentos legais, para esta situação e que outras soluções igualmente legais seriam possíveis. Soluções que garantissem o maior envolvimento da Biblioteca, através da sua representante directa, nos fóruns técnicos, onde se reflectem, discutem, questionam, fundamentam e apoiam, as decisões e a execução das políticas culturais do concelho.
Lamento o facto desta decisão, ter sido tomada em relação a um quadro
dirigente de uma equipa que sempre deu provas, mesmo nas condições mais adversas. Uma equipa que nestes 20
anos de existência, não parou de encontrar novas soluções para novos problemas.
Veja-se o que foi manter a biblioteca a funcionar,
nos últimos anos, num quadro económico e social de grandes
fragilidades, encontrando respostas para problemas de diferentes
naturezas, identificando formas de trabalhar com baixos custos, concorrendo com projectos para encontrar financiamentos, realizando
ainda as, por muitos consideradas, melhores Palavras Andarilhas de sempre.
Lamento também o desperdício, pois a dirigente tem uma notável capacidade de trabalho, formação especializada na área da gestão autárquica, na área do planeamento e gestão documental, prestigio no meio e parece-me que qualquer novo executivo ganha em ter por perto gente que sabe e se dedica, mesmo que nem sempre concorde. Poder contar com técnicos que garantem com empenho, o trabalho que é feito num equipamento cultural, parece-me uma arma poderosa. Poder contar com um equipamento que possa ser o rosto de uma política cultural de qualidade num qualquer território, é um privilégio. E acho que já tenho tempo de casa suficiente para dizer, com alguma segurança que todos os executivos contaram desde a primeira hora com esta biblioteca. Foi assim com Carreira Marques, com Francisco Santos, com Jorge Pulido Valente. Os executivos e o Concelho.
Lamento que, existindo uma solução de coordenação de proximidade, conhecedora
dos processos em curso, dos procedimentos, das rotinas em áreas técnicas especificas,
das soluções já experimentadas, disponível para trabalhar com TODOS, não se
tenha optado por manter a dirigente a coordenar a equipa, à semelhança de
outros dirigentes que coordenam equipas sem serem chefes de divisão,
possibilitando: acesso privilegiado à informação, mais eficácia na resposta e a
possibilidade da Biblioteca participar na reflexão e discussão das questões
sócio- educativas e culturais do concelho.
Lamento-o também, por considerar uma decisão profundamente injusta. Conheço
a Paula Santos, há muitos anos, nos últimos cinco anos como minha superior
hierárquica. Nem sempre concordamos, por vezes empinamos cristas, mas aquilo
que nos une é infinitamente maior do que aquilo que nos separa. Reconheço-lhe
alguns defeitos mas muitos mais méritos e um deles é nunca voltar a cara à
borrasca e insistir, e argumentar, e pressionar para se encontrar uma solução
para o elevador, para o ar condicionado e batalhar para que a máquina não pare,
as impressoras funcionem, as novidades entrem na estante, que a programação
faça sentido com o que andamos a fazer no terreno, para se responder com
qualidade às necessidades dos leitores, para que se encontre uma solução
informática estável e integrada para servir melhor os utilizadores e melhores
condições de trabalho aos técnicos. Numa luta permanente para que a Biblioteca
não perca centralidade, na vida da organização e na vida das pessoas, dos
cidadãos.
Durante estes últimos anos aposto que passaram muitas vezes, depois da
meia noite na Rua da Biblioteca, mas tenho a certeza que poucos olharam para a
varanda. SE OLHASSEM , VERIAM , uma luz aberta pela noite dentro. Como no tempo
do Mestre, a luz daquele gabinete é quase sempre a última a se apagar.
Espero que esta decisão se deva apenas a uma precipitação, um
desajeitamento, fruto do turbilhão de decisões que tem de ser tomadas. Espero... e mais não direi sobre o assunto! Por aqui me
fico, nos ficamos, continuando a trabalhar clássicos quando não há novidades, continuando a
pensar e repensar como fazer mais tendo cada vez menos; a motivar equipas que
há anos estão em perda salarial e de direitos de trabalho. Continuando a
semear, como é nossa obrigação, trabalhando todos os dias para a missão maior das Bibliotecas:
construir comunidades.
Devia este post à minha consciência e à Paula Santos.
Obrigada pelo seu comentário que tanto faz sentido, que tantos e tantas pensam, mas que poucos ousam dizer/escrever de forma tão clara, tão sincera.
ResponderEliminarObrigada por pôr em linhas aquilo que também eu penso e pensei, quando o meu queixo ficou caído no chão, quando soube a 'novidade'.
Já se estaria à espera desta dança das cadeiras... mas para o bem da nossa cidade, espero que fiquem por aqui e que não estraguem mais o que durante anos se construiu, com provas dadas.
Um bem haja à nossa Biblioteca, aos seus técnicos, à Dr.ª Paula Santos. A fasquia está alta, muito alta!... Vamos estar atentos.
muito bem.
ResponderEliminarcara cristina, não sei das leis, não sei dos critérios, não sei se o processo foi conduzido da melhor forma,mas não acredito numa perseguição politica. extrapolar o caso dessa forma, como esta senhora execrável do teatro pretende fazê-lo, não me parece correcto. aliás quando a comunidade bloguista bejense, a maior parte umas bestas quadradas do pior calibre, incluindo a dita senhora, e o teu movimento de cidadania (incluindo o cabeça e lista), me insultou virtualmente, quando por dois meses fui vereador em substituição de outro colega, aí sim foi uma perseguição politica. a minha casa, os meus cães, o meu trabalho, o respeito pelo que faço, como o faço, o que penso, tudo foi motivo para certa escumalha e mais alguns bloquistas de esquerda me achincalharem, repito, virtualmente. olhos nos olhos apertam-me a mão. e nem uma palavra de apreço e defesa recebi. portanto é com muita pena, que vejo certa gentalha que desde o inicio, apregoou (bastantes vezes o ouvi) cheguei a Beja para a sacudir do marasmo cultural em que se encontra. há cerca de vinte anos quando chegou, não havia biblioteca, conservatório, coro de camara, coro do carmo, grupos corais, sociedades recreativas, bandas filarmónicas, grupos desportivos... Nada, porque Ela o messias ainda não tinha chegado. Repito, não conheço o processo, como a maior parte das pessoas que o andam a comentar aqui. Não julgo uns e outros, mas transformar a questão num linchamento politico, como essa fulana pretende, parece-me exagerado. ao contrário de ti, as pessoas não as peso em balança. não lhes meço o bem e o mal. umas não desculpam outras. as asas dos anjos não crescem de um dia para o outro.
ResponderEliminarlamento os caminhos que estão a dar a isto. a clarividência foi à vida.
Jorge serafim/ contador de histórias
anti-anónimos virtuais
Caro Jorge Serafim
EliminarConheço as leis, não sei dos critérios, mas vejo que o processo foi mal conduzido. Também não creio que se trate de uma perseguição politica, como aliás fica claro nas palavras que usei. "Espero que esta decisão se deva apenas a uma precipitação, um desajeitamento, fruto do turbilhão de decisões que tem de ser tomadas. Espero... e mais não direi sobre o assunto!"
Apesar da tua indignação por teres sido insultado virtualmente - facto que desconheçia - parece-me despropositado o tom que utilizas neste espaço, em relação a terceiros que em nenhum momento são citados no meu post. E isso sei que não é correto. A vida tem-me ensinado algumas coisas simples: tenho aprendido a respirar fundo, a contar até cinquenta, às vezes até cem , ou cento e cinquenta... o que for preciso para que as ideias e as palavras me saiam com alguma clarividência. Nem sempre consigo. Erro muitas vezes e acho que errei ao publicar o teu comentário, pois expus pessoas que nada tinham que ver com o assunto em discussão. Aos visados já enviei as minhas desculpas privadas e que agora torno públicas.
Sobre as considerações que teces sobre a forma como eu peso, ou meço as pessoas , apesar de não me rever nelas, vou refletir sobre o que dizes e reler o que escrevi. Como tu lamento os caminhos que estão a dar a isto.
Serafim: Não entendo o que queres dizer com o que escreveste: "e o teu movimento de cidadania (incluindo o cabeça e lista), me insultou virtualmente". Se, com isto, te queres referir a mim, como entendi, não me lembro de alguma vez te ter insultado em qualquer circunstância. Mas se tal, porventura, aconteceu seria normal que me pedisses explicações. Ou não? Enfim, fico à espera que tal aconteça, se entendi bem o que escreveste aqui.
EliminarPor Coimbra aconteceu mais do mesmo com a nossa Grande Dra Maria José Miranda na Biblioteca Municipal de Coimbra
ResponderEliminarTotal solidariedade ao teor desta mensagem!
ResponderEliminarAbraço especial à Paula Santos e Cristina Taquelim.
Carlos Lopes
todos sabemos porque isto havia de acontecer.
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